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Viver até os 120 anos: um projeto viável?

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Por séculos, a busca por frear o envelhecimento, um dos sonhos mais acalentados pela humanidade, foi o reduto de charlatões e vendedores de fórmulas mágicas que congelariam as mãos do próprio Cronos. Contudo, a ideia de elixires não mágicos amparados pela ciência, está decolando, com o embarque de cientistas e bilionários ansiosos para comprar tempo de vida saudável.

Até agora, a ciência focou, e tem tido êxito, em prolongar o tempo de vida dos seres humanos. Porém, não se conseguiu o mesmo sucesso quando falamos sobre o processo de envelhecimento em si: de fato, vivemos mais tempo, mas carregando junto seus fardos, como as doenças degenerativas. Por isso, o objetivo agora é possibilitar a velhice saudável. 

A ideia consiste em manipular os processos biológicos associados ao envelhecimento, objetivo que tem colhido sucessos em testes com animais de laboratório. Um método seria a restrição severa à quantidade de calorias ingeridas: algo inviável para a maioria das pessoas, mas que pode ser possível através do uso controlado de algumas substâncias, como a metformina e a rapamicina.

Outro caminho é o desenvolvimento de drogas que matam as células envelhecidas, que podem prejudicar as vizinhas.  Conforme envelhecemos, os meios naturais de nos livrarmos dessas células vão perdendo força, e essas drogas poderiam nos ajudar na tarefa.

Há métodos mais ousados, como o rejuvenescimento de células através da mudança de marcadores epigenéticos nos cromossomos, fazendo com que um organismo de 65 anos produza células como se tivesse 20 anos. 

No entanto, nenhuma das ideias foi testada formalmente em pessoas. Além disso, retardar o envelhecimento não altera o fato de que o cérebro humano é finito, limitado pela própria seleção natural.

Existem ainda preocupações de outras ordens: os eventuais benefícios de uma longevidade saudável serão restritos aos super-ricos? Com a perspectiva de uma vida extensa, o longo prazo pode se tornar mais importante nas decisões humanas? E, em uma realidade na qual os centenários estarão cada vez mais presentes, como será a relação entre as muitas diferentes gerações?

Essas são ainda perguntas sem respostas. Mas que já trazem reflexões sobre os impactos em frearmos o envelhecimento.

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