Chegamos ao último episódio do Tela Partilhada. A série de lives conduzidas por Luis Justo percorreu os principais pontos da filosofia Rock in Rio, carinhosamente chamada “Sonhar e Fazer Acontecer”. Cobriu os pilares culturais da organização através de conversas com grandes nomes, e hoje consolida sua primeira temporada em nove edições.
O papo desta vez é sobre PENSAR GRANDE.
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Vamos aprofundar entendimentos deste atributo que vem se mostrando tão relevante para empresas do século XXI. Vamos descobrir que PENSAR GRANDE é uma característica marcante desta organização que desde cedo almejou objetivos grandiosos. Vamos conhecer mais sobre a fascinante história que começou como um sonho e se transformou no maior festival de música e entretenimento do mundo.
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E para isso, ninguém melhor que o grande precursor visionário, fundador e presidente do Rock in Rio, Roberto Medina.
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“Eu não tinha talento e nem saúde o suficiente para entregar o que eu entreguei.” – Luis Justo começa a conversa de forma quase nostálgica, retomando os idos de 1985, exibindo uma fotografia antiga do terreno baldio onde aconteceria o primeiro festival. A foto retrata um outdoor com a frase ‘O sonho começa a se tornar realidade’ e revela que Roberto, desde o início, já tinha uma visão grandiosa. Segundo ele, a ideia do festival veio pronta, num lampejo em sua mente. Uma epifania que nadava contra as marés de baixa reputação do Brasil no mercado internacional e tensões políticas locais. Confrontava os conceitos de comunicação vigentes e, ao contrário do que faziam todos os festivais até então, colocava a platéia (ao invés do artista) como grande protagonista do espetáculo. Uma enorme revolução que se consolidou num sistema inovador. uma triangulação entre público, marcas e artistas. Um modelo que permitia (e permite até hoje) um relacionamento entre patrocinadores e consumidores que vai muito além dos momentos do festival em si. Algo que traz uma dose enorme de complexidade, imensuráveis riscos e uma “quase desistência” de Medina em 1984, relatada na conversa. Felizmente, obstáculos superados através de muito “trabalho, trabalho e trabalho’. Afinal nada cai do céu.
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“Você tem que se jogar na vida!” – Como era de se esperar o PENSAR GRANDE de Medina transborda as barreiras de um festival de música e entretenimento. Sua vivência e experiência em grandes desafios trazem lições e reflexões importantes sobre a vida e seus mistérios. Medina traz observações muito construtivas sobre o momento pandêmico que o mundo está vivendo e, sem meias palavras enaltece o valor da vida perante suas mazelas. Segundo ele, e brilhantemente constatado por Luis Justo, o poder de adaptação do ser humano é o nosso dom maior. A conversa nos leva a acreditar que deixaremos no passado as tristezas deste momento tão sensível. E certamente levaremos para o futuro as aprendizagens e aspectos positivos que nos tornarão pessoas melhores. Medina traz uma metáfora apropriada para um homem envolvido com o show business: Compara a vida a um grande teatro. Alguns estão no palco, outros na produção e outros na plateia. Cada um com seu quinhão de energia. Cada um com o dever e a oportunidade de “se jogar na vida” e manter o espetáculo vibrante. Àqueles que optam pela omissão de seus papéis – os que ficam na ” sala de espera”-, Medina oferece seu desprezo. Pensamento absolutamente coerente com quem constrói suas próprias oportunidades.
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“O papel das organizações vão além do balanço financeiro.”- O papo prossegue numa dimensão acima do Rock in Rio. Medina destila sua filosofia num espectro mais amplo, mostrando uma complexa visão de mundo. Orquestra pensamentos em diversas esferas. Nos faz perceber que o maior festival de música do mundo é apenas uma peça de um grande quebra-cabeças. E que sua intenção de impacto é ainda mais grandiosa. Roberto enaltece o brasileiro e relembra uma frase citada por seu pai (na verdade um lema de família, pois também foi dita por sua filha, Roberta Medina, no primeiro episódio de Tela Partilhada). Diz que “os negócios só vão bem, se a cidade vai bem”. Mostra uma visão econômica e política do Rio de Janeiro como nenhum governante o faria. Elenca fatores precisos (e segundo ele subutilizados), como a vocação autêntica da cidade para grandes eventos e uma infraestrutura pronta que poderia fazer a miséria se transformar numa realidade esplendorosa. Fala sobre abundância de recursos e talentos escondidos nas periferias, mostrando toda sua preocupação social. Uma inquietação que se materializou no Palco Favela, assim como outras ações paralelas que educaram milhares de estudantes em áreas menos favorecidas. No aspecto ambiental citou projetos grandiosos como Amazônia Live, que já plantou 3,5 milhões de árvores. E iniciativas surreais em plena floresta, com luminares da arte como Plácido Domingo cantando “Meu Brasil Brasileiro” ao lado de Ivete Sangalo.
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Em meio à tantas lições, Luis Justo ainda encontrou espaço para resgatar inúmeras curiosidades. Como por exemplo o inesquecível show de Frank Sinatra no Maracanã em 1980, quando a chuva parou no instante limite, de forma quase divina. A ousadia de inventar, às vésperas do festival em 1985, um sistema de distribuição de cerveja gelada através de tubos subterrâneos. E os bastidores da inesquecível performance de Freddie Mercury cantando em coro com 200 mil pessoas.
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Os 60 minutos de live foram pouco para a quantidade de ideias e saberes de Roberto Medina. Uma espécie de aperitivo com histórias dignas de quem está acostumado desafiar o impossível, superar obstáculos e, claro, pensar grande.
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