Quais as relações entre complexidade, empatia e liderança?
O desenvolvimento tecnológico está transformando o mundo num ambiente tão conectado quanto complexo. A sociedade, política e economia vêm se transformando e exigindo novas relações entre pessoas, empresas e organizações. Nesse ponto afloram novas habilidades comportamentais que nos colocam na Era da Empatia. Algo pode ser aprendido e exercitado nos recantos mais longínquos de gelados do planeta, como nos mostra Rachel Robertson no livro “Leading on the Edge” que narra seus desafios na Antártida.
Uma ideia sem execução…
não vale nada.
Um plano sem implementação…
não vale nada.
Uma desejo sem realização…
não vale nada.
Gênios se tornam gênios por conta de suas realizações e entregas ao mundo.
Mesmo em campos abstratos e intelectuais, as obras geniais precisam, de alguma forma, se tornar reais. Trata-se de um processo que nasce no cérebro (ou no coração) e que flui pela ponta dos dedos, rumo ao mundo externo. Poetas, pintores ou empreendedores. Líderes, estrategistas ou mesmo pensadores. Todos precisaram agir para construir e entregar suas obras.
Leonardo Da Vinci tinha uma urgência pelo “fazer”. Um dos nomes mais aclamados de nossa história entendia que “saber” ou “querer” não era o bastante. Comprovou este pensamento através da prática, e se destacou como cientista, matemático, engenheiro, inventor, anatomista, pintor, escultor, arquiteto, botânico, poeta e músico. Não teria sido quem foi se não tivesse deixado entregas grandiosas para o mundo.
Segundo ele: “Querer não é o suficiente. Deve-se agir.”
E isso se aplica a todos os conceitos e skills que precisamos desenvolver para estarmos mais preparados para o futuro.
De pessoas para pessoas
“Houve um tempo em que as multidões eram formadas por muitas pessoas no mesmo lugar.” Esta frase de Don Tapscott, autor do livro Wikinomics, retrata um novo modelo de organização social, política e econômica que vem se desenvolvendo em compasso com o desenvolvimento tecnológico. Um contraponto aos movimentos do passado onde era necessária a mobilização de muitas pessoas (num mesmo local) para alcançar objetivos comuns.
O novo mundo hiperconectado e ultra complexo que estamos vivendo transformou todos os aspectos de nossas vidas. Estamos vivendo uma sociedade em rede. Relações centralizadas e hierarquizadas estão sendo substituídas por relações distribuídas e horizontais. A tecnologia permite o fim de intermediários e a descentralização nas tomadas de decisão.
Indivíduos que antes não tinham voz, passam a ser ouvidos. Sobretudo porque passam a se conectar a outros e formam uma multidão virtual. Sem limites e sem fronteiras.
Indivíduos, usuários, clientes e colaboradores passaram a ter uma nova atenção. Se tornaram mais conectados, informados, conscientes e exigentes. E por isso as relações estão se desenvolvendo rumo a conexões mais humanizadas e empáticas. Marcas, empresas e organizações estão atentas a isso. Buscam propósitos que conectem pessoas e constroem novas dimensões emocionais.
Nunca foi tão importante saber construir e manter relações e conexões. De pessoas para pessoas. E por isso há quem diga que estamos entrando na Era da Empatia. O que talvez nos mostre que o ser humano possa evoluir para uma existência mais equilibrada e mais justa. E que nos permita uma jornada rumo a futuros mais viáveis e sustentáveis.
A Era da Empatia
A empatia, habilidade tão relevante nas relações contemporâneas, é uma característica pré-humana.
Frans de Waal é um famoso primatólogo e etólogo, autor do livro “A Era da Empatia”. Doutor em biologia desde 1977, conduziu estudos demonstrando que somos animais sociais que naturalmente evoluem para cuidar uns dos outros. Uma característica que está presente em todos nós, desde nossas infâncias, e não para de se desenvolver.
Sendo assim, a boa notícia é que podemos nutrir e estimular seu crescimento ao longo de nossas vidas
Aprimorando a empatia temos a valiosa oportunidade de usá-la para desenvolver nossa inteligência emocional. E usá-la como uma força radical para a transformação mundo.
Leading on the Edge
Este é o nome do livro que conta a experiência de um grupo de 17 pessoas. Ficaram isoladas num centro de pesquisa na Antártida por um ano. Rachael Robertson, autora do livro e líder da equipe, traz lições valiosas que muito nos ajudam em questões sobre relacionamentos em ambientes confinados e que muito pode nos ensinar sobre #empatia e #liderança.
Num cenário com muitas adversidades e privações, o grupo mostrava uma grande mistura – de gerações, gênero, sexualidade, religião, cultura e tipos de personalidade. Cada indivíduo com uma especialidade técnica, a única generalista na estação era Rachel. Buscando a harmonia, sem deixar de lado a produtividade e o respeito (de fato) entre as pessoas, Rachel traz 4 princípios que a ajudaram a superar os grandes desafios de liderança que a situação exigia.
(1) NO TRIANGLES: “Sem triângulos”, significa ter apenas conversas diretas. “Eu não falo com você sobre ele, ou você não fala comigo sobre ela”. É uma ferramenta poderosa que reduz conflitos e esclarece responsabilidades.
(2) MANAGE YOUR BACON WARS: “Gerencie suas Guerras de Bacon”, significa que as pequenas disputas do dia-a-dia (bacon macio x bacon crocante) podem representar ou evoluir para conflitos mais graves. Os líderes devem identificar e investigar suas “guerras de bacon” para descobrir o que está por trás e resolver o quanto antes.
(3) LEAD WITHOUT A TITLE: “Liderança sem títulos”, significa que liderança é um comportamento, não um cargo. Toda pessoa pode demonstrar liderança. Se você vir algo que precisa ser feito, faça algo a respeito. Isso é liderança.
(4) FIND A REASON TO CELEBRATE: “Encontre um motivo para celebrar”, significa reconhecer marcos e momentos importantes para criar momentos criam impulso positivo. Eles dão uma sensação de progresso, avanço e aproximação de objetivos. Se não houver um motivo aparente, identifique um, mesmo que simbólico.
Lições específicas para uma ambiente longínquo e gelado, mas que devem ser observadas quando estamos diante da construção e manutenção de relações humanas, tão necessárias e fundamentais nos dias de hoje. Referências importantes para transformar o conceito de EMPATIA em realidade. Nas nossas vidas, carreiras e organizações.