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Geraldo Rufino: o Catador de Sonhos


Dando sequência à série de lives do Rock in Rio, sob a apresentação de seu CEO Luis Justo, a oitava edição de TELA PARTILHADA trouxe um assunto profundamente importante para empresas organizações. 

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Há quem diga que de nada vale o propósito sem a transformação de fato. É cada vez mais forte, principalmente entre as gerações mais novas, a necessidade de conduzir seus esforços para a construção de um patrimônio (não necessariamente material) que seja maior e que dure mais que nossas próprias vidas.

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Numa conversa que rompe os limites da inspiração e narra uma trajetória épica de construção e superação de adversidades, o convidado desta edição nos oferece toda a sabedoria de quem construiu sua história com a próprias mãos e sem dúvida deixará muitas lições para além de sua vida. Seja muito bem-vindo, o catador de sonhos, Geraldo Rufino!

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“Se por acaso aparecer uma pedra no caminho, ela vai servir de degrau.” – Considerado por sua filha uma pessoa ‘irritantemente feliz’, Geraldo se autointitula um brasileiro de coração verde e amarelo. Acredita no que esse país tem de melhor, que, segundo ele, é o brasileiro. Passou parte do início de sua vida na favela, e a despeito dos estereótipos de violência e mazelas, enaltece a verdadeira cultura empreendedora das comunidades mais carentes. Atribui a este ambiente o desenvolvimento de sua melhor versão, grandes e profundos traços de caráter que orientam sua vida desde sempre. Sua mãe, sua grande mentora, em sua ignorância (não sabia ler nem escrever) transmitiu à Geraldo os principais valores que fortaleceram sua base. A ‘autoestima’ e ‘orgulho de ser quem você é’ e ‘acreditar em si mesmo’ contagiaram todos que estiveram ao seu redor. A ‘fé’ e a ‘iniciativa’ para transformar seu próprio potencial em realizações. A ‘determinação’ para fazer acontecer. A ‘gratidão’ para engrandecer seus atos e manter sempre a porta aberta para novas aprendizagens. A ‘resiliência’ para renascer das cinzas. Sua mãe dizia que ser pobre não era um problema, que aquilo ele poderia mudar. Só dependia de quanto tempo estivesse disposto a trabalhar. Começou como ensacador de carvão. Neste ambiente de extrema pobreza (e nenhum vitimismo por conta disso), o sonho de substituir um chinelo improvisado (feito de pneu e tiras de lona) por um sandália colorida o fez conhecer o lixão. A partir daí começou sua trajetória empreendedora, aos 9 anos de idade, como catador de latinhas. Uma jornada que lhe rendeu muito mais que dinheiro ou uma sandália nova: rendeu experiência, sobrevivência e, como diz Geraldo Rufino, rendeu também “anticorpos”.

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“As portas não estavam trancadas. Foi só empurrar.” – Para Geraldo empreendedorismo é assumir a atitude de dono. É subir um degrau e esticar a mão para os próximos. Assumir responsabilidade e se permitir errar. Rufino diz que em todas as 6 vezes que quebrou na vida, ficou ‘somente’ sem dinheiro. Ele não faliu ou fracassou pois manteve firme seus valores para recomeçar, afinal, ninguém desaprende a andar de bicicleta. Lembra que ainda criança, sem saber ler ou escrever, com alguns limões, descobriu e já aplicava a “Técnica de Venda de Harvard” – você sorri, você vende! Ganhou alguns trocados em sua primeira incursão, reinvestiu em mais limões e dois anos depois já tinha uma banca de frutas na feira. De lá iniciou sua trajetória como office-boy numa organização ganhando um salário-mínimo. Atropelou boatos de racismo com sua autoestima e produtividade e, 17 anos depois, saiu da empresa ganhando 81 salários-mínimos. Aprendeu a enxergar as oportunidade e o lado positivo das coisas. Lições que o permitiram, na sequência, abrir sua primeira empresa e construir uma trajetória de grande sucesso. 

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“Os tempos não são difíceis. São diferentes.” – Um acidente do destino e a preocupação com as pessoas ao seu redor o fizeram criar sua própria empresa. Geraldo criou um ambiente onde pudesse mostrar ao filhos como viver através do trabalho e após mais uma quebra, se apoiou nos valores da família para recomeçar mais uma vez. Como sempre, um pouco melhor que antes. Neste ponto Luis Justo traz algumas relações com a cultura Rock in Rio, no que diz respeito a novos recomeços. O sucesso do passado não significa o sucesso do futuro e por isso cada edição do festival significa um reinício. Pois sempre é preciso trabalhar com entusiasmo e paixão para tornar os próximos feitos melhores que os anteriores. Lições de humildade que nos permitem manter um desenvolvimento constante. A despeito de qualquer sucesso, é preciso sempre manter a sobriedade e encarar os novos e próximos desafios da vida e do mercado.

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Com uma sensibilidade que lhe é peculiar, Geraldo diz que precisamos todos aprender a ouvir, reverencia a sensibilidade feminina e mantém o otimismo diante da crise pandêmica. Não dá bola para os momentos de tensão que estamos vivendo. Escolado pelas adversidades e instabilidades da vida, acredita que estamos diante de apenas mais um crise, como tantas outras que já passou. Na verdade enxerga nos momentos atuais uma oportunidade de reflexão e gratidão. Tempo para recuperarmos a essência de nossa natureza humana. Recuperarmos a capacidade de perceber que somos todos iguais. 

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Geraldo Rufino deixa estampada sua alegria de viver e a mensagem de que estamos agora diante de uma chance de recomeçarmos como seres humanos melhores. Assim como também nos ensina a canção: “Se a vida começasse agora, e o mundo fosse nosso outra vez…”

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